A PEDAGOGIA DO OLHAR
por EDUINO ORIONE
A arte de Mônica Rubinho é fruto de uma poética que recorre sempre à memória, ao universo onírico e à solidão, daí o caráter ambíguo de suas obras, permeadas de delicadeza e espanto.
Tanto os primeiros objetos como os desenhos recentes, são uma espécie de exercício de leitura. não só pela presença recorrente da palavra escrita, mas pelo convite que propõem ao olhar do espectador, que deve mirar dentro de pequenas caixas, esforçar-se por ler frases, prestar atenção ao mínimo.
Não por acaso é recorrente nessas obras a imagem dos olhos, à qual agora vêm se somar as figuras da cadeira, da piscina, do ninho e (com força) a das árvores – signos naturais e culturais, que têm como ponto comum a madeira (cujas linhas sugerem uma escrita).
Mônica pretende fazer ver o que não é visível (os pensamentos), e registrar o irregistrável (os sonhos).
São recorrentes em suas obras as imagens apagadas e veladas, as imagens pouco nítidas, as frases em letras minúsculas e tudo o que é translúcido. Tais recursos têm evoluído na pesquisa formal (do tri para o bidimensional) e temática (da paisagem interior para a natureza exterior) que a artista incansavelmente elabora, investigação estética pautada por um aprofundamento no dramatismo das experiências afetivas e na fantasmagoria dos sonhos.
Resultado : conduzir o espectador, de forma quase que pedagógica, a ver o mundo e a si mesmo no que há de mais profundo.
Eduino José Orione: doutor em literatura pela USP, professor de literatura e filosofia em SP, Brasil.
Texto de apresentação da artista Mônica Rubinho no Livro de Arte Brasileira – Brazilianart VI – editora JC – SP - Brasil - 2005.
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English Version
PEDAGOGY OF THE GAZE
by EDUINO ORIONE
Mônica Rubinho's art is the fruit of a poetics that constantly resorts to memory, the dreamful universe, and solitude, hence the ambiguous character of her works permeated with nuance and wonder.
Both her first objects and her recent drawings are a sort of exercise in reading , not only in the recurring presence of the written word, but also in the invitation posed to the gaze of the viewer, who has to look inside small boxes, straining to read short phrases, paying attention to the minimum.
Not by accident, a recurring feature in her works is the image of eyes, to which she now adds the figures of a chair, swimming pool, nest, and (forceful) trees-natural and cultural signs that have wood in common (the lines of which suggest writting).
Rubinho seeks to the have the invisible (thougths) become visible and capture the uncapturable (dreams).
Recurring features are faint and veiled images, rather hazy messages, phrases in small letters, and everything that is translucent. These resources have evolved in the formal research (from three-to-two-dimensional) and theme (from inner world to external nature) that she tirelessly elaborates in an aesthetic investigation governed by an in-depth exploration of the dramatic aspects of affectionate experiences and the phantasmagoria of dreams.
Result: leading viewers, almost pedagogically, to see the world and themselves in the most profound way.
Eduino José Orione: doctorate degree in portuguese and literature from USP, teacher of literature and philosophy in São Paulo, Brazil.
Introductory text about the artist Mônica Rubinho in the Brazilian Art Book - "Brazilianart VI" - published by JC - 2005, SP, Brazil
(translation by John Norman, Thomas Nerney | review by Regina Stocklen)